quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Simbólico



"O símbolo se manifesta inicialmente como assassino  da coisa, e essa morte constitui no sujeito a eternização de seu desejo" (Jacques Lacan)


O nome é a sentença de morte da coisa
Toda representação é uma mentira disfarçada
As palavras calam a boca dos homens,                              
Assim como o pão e o vinho calam a boca dos cristãos...
Mas e eu, que tenho silenciado na esperança de falar a verdade,
Minto mais ou minto menos?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Desencontro

Para FF, em reverência e gratidão
"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida" ( Vinícius de Moraes)


Lá vai ela, sozinha
Levando consigo um coração que não bate:
Espanca!

Engraçado:
A ausência de cores está presente em todas as despedidas
O cenário preto e branco... Você indo, eu ficando...
(Uma gota de sangue nos seus olhos meus...)
Mais tarde, lembra-se-ia haver-se dito:
- Afinal, você quer alguém pra se perder ou se achar?
(Silêncio...)

Triste? Talvez...
Mas que há de se fazer?
Essa relação estava (me) (te) (se) (nos) matando
Bem o disse Vinícius:
“A tristeza está no fundo de todos os sentimentos
Assim como a lágrima no fundo de todos os olhos”

Ai de mim sem um bocado de desamor pra embriagar a vida
Os desencontros deixam as histórias de amor mais bonitas

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Para o amigo Cyrus Ferrari e sua hermenêutica de fé, coragem, labirinto e amor


Diante do inexplicável, do imensurável, do inabalável;
Diante do intransponível, intangível, indestrutível;
Diante do inevitável, indefensável, insuperável;  
Diante do impossível, inverossímil, indisponível;
Diante do inefável, imponderável, insuportável;
Diante do irrecorrível, inverossímil, intransponível :

Quem poderá te deter? Quem poderá?
- Tu. Somente tu.
E mais ninguém.

Vinho com Flavinha



Vinho venho beber Flavinha
Por meio desse co(r)po trincado pingando
Vinho venho beber Flavinha

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Self Service

"Sonho é sonho... tornar um sonho realidade é matá-lo"
 (Fabio Rocha)

Entre um prato de sonho ou um de realidade,
Quantas possibilidades...
Kilos de ilusão emagrecem a Razão
(Com razão)
Mas há tantos sonhos magros mortos-de-fome,
Que tenho lá minhas dúvidas...
                       
Ai meu Deus, lá estão eles:
O prato de sonho e o prato de realidade...
Saborosos ou azedos...
Devo alimentar o corpo e alimentar alma
Engolir cada farelo infinito
Mastigar minha existência lentamente
(De boca fechada)

Ai, meu Deus, sempre eles:
O prato de sonho e o prato de realidade
E eu nem sei quanto custa...
E eu nem sei quanto pesa...
Minha balança pesa demais

Por fim, que diferença faz?
No prato de sonho ou de realidade
Como até me fartar
Como até me faltar
Repito até passar mal
Depois vomito

Matar a fome é morrer por  dentro


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sonetração

Nua a rosa ria a lua

Para fecundá-la,

Bastava um soneto de amor

Em Mim

Ah, a raiva em mim...

Alguma coisa de pólvora nisso tudo...

Alguma coisa de morte de não-sei-bem-o-quê nisso tudo...

Cavalos no peito:

Explodir, explodir


Ah, a ilusão em mim...

Aventura errante de um desejo enlouquecido...

Seja feita a tua vontade!

Bendito é o fruto de teu ventre labirinto

Onde eu estarrecido me deixo errar


Ah, a saudade em mim...

Dia desses vou me visitar

Levo flores, vinho e uma carta

Que há de ser lida somente depois que eu saia

- Olá, quanto tempo!Tudo bem comigo? Prazer em rever-me, meu amigo!


Ah, o tempo em mim...

Arauto eterno desatinado...

No frêmito de tua passagem

Eu faço poesia

E danço a novidade de cada hora


Ah, a poesia em mim...

Dançarina salamandra enlouquecida

No teu seio bebo delírio

Suicido ao contrário

Beijo a morte no umbigo

Para Fernando Pessoa


O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
(Fernando Pessoa)

Um poeta quando escreve se afasta tanto de si,
Mais se afasta tanto de si,
Que quase chega a ser ele mesmo

A poesia é um exercício de transcendência
O coração aperta, a palavra queima
O poeta escreve para se salvar

terça-feira, 21 de setembro de 2010

(Con)tato prejudicado


Se eu não comigo, eu não consigo
Eu não contigo
Eu não com mais ninguém

Lembrança



Em meu vaso sanguíneo
A rosa colhida
No jardim do teu púbis